Casei cedo. Estou a caminhar para a saída dos trinta e não tenho filhos.
Sempre disse que não queria filhos. Tenho vários motivos para isto. Uns mais válidos, outro menos.
Um deles é um pavor, um medo corrosivo e nauseado que me aperta o pescoço, sempre que me imaginava grávida ou a ter um filho.
O medo é tal que a minha ginecologista brinca, dizendo que é o melhor anticonceptivo que posso usar.
Brincadeiras à parte, às vezes não é fácil lidar com este assunto. Já tive abordagens menos simpáticas, quase a roçarem a chantagem emocional.
Há sempre aquelas pessoas que não me percebem ou fazem que não percebem.
Entre elas, a minha avó materna.
Não há uma vez, não há uma conversa em que o assunto não venha à baila. A pressão é enorme. As perguntas são sempre as mesmas. E repetem-se sempre. É como se esquecesse as respostas de um dia para o outro.
A minha avó ainda tem esperanças. A minha avó ainda luta. Ela foi uma filha tardia e a minha mãe fechou a loja aos quarenta. Por isto, penso eu, ela ainda tem esperanças. Não há um telefonema ou uma visita em que ela não me diga que ainda estou a tempo. "Ainda vais a tempo. Olha lá, pensa bem filha, não gostavas de ter um menino? O teu marido havia de gostar tanto..."
quinta-feira, 28 de março de 2013
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