quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

E já se pode falar de ontem

O tempo e a idade já me ensinaram que quando estou muito zangada, devo esperar antes de começar a desabafar (disparatar, por vezes!). Primeiro pondero tudo muito bem e se depois de uma noite bem dormida, continuar a necessitar de extravasar, então é porque a coisa merece a minha atenção.
Ontem foi por causa de trabalho. O meu patrão marcou-me uma reunião com um cliente difícil. Não teria nada de mais, não fosse este cliente ser amigo de infância do meu patrão.
O pretendido era que resolvesse uma situação que se arrasta desde Maio 2010 e que não justifica dores de cabeça por aí além. Não existissem os tais laços e já isto teria sido resolvido.
Adverti logo que não esperassem uma saída airosa. Sabia à partida que não ia conseguir nada porque acima de mim está "o amigo".
Tenho um defeito que tento corrigir há anos. Quando sou atacada ou hostilizada, mostro-me sempre muito educada, nunca falto ao respeito e sou algo submissa. Ao inicio, isso diverte-os porque pensam que sou uma tontinha simpática sem estofo para os confrontar. Com o continuar da conversa apercebem-se de que no fundo estou a gozar com eles e a maioria fica possessa já que a coisa não acaba como eles estavam à espera.
Ontem, foi similar mas controlei-me Muito. No fim, acabámos em águas de bacalhau porque eu não cedi. Levei com uma "A decisão final é do seu patrão, ainda é ele que manda, não é?. Aqui perdi o controlo da coisa e fiz-lhe um encolher de ombros do mais trocista que há. Tipo: "Não consegues dar a volta, não é? Vais voltar ao elo mais fraco. De mim não levas nada." Ele levantou-se e deu por concluída a reunião.
E ficámos assim.  Eu não saí da minha e ele não dobrou quem pensava dobrar. Coitadinho.
A irritação toda foi porque perdi uma hora e meia, num braço de ferro que todos sabiam de antemão como iria terminar.
O patrão já tem idade para saber que "Amigos, amigos, negócios à parte!"

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