segunda-feira, 21 de março de 2011

É preciso ter coração de ferro

Na semana passada vi a minha vida a andar para trás.
Ainda dormíamos quando toca o telemóvel do meu marido.
Ele atende e só o ouço a dizer um "Sou sim" meio rouco, meio engasgado, uns "Hum... hum", pelo meio de uma respiração cada vez mais acelerada. Veio-me à cabeça que talvez tivesse acontecido algo aos meus sogros. Quando ele pergunta se não lhe podiam adiantar mais nada ainda ficou mais ofegante e começo a sentir-lhe o braço e a perna esquerda a tremer. (O meu homem é das pessoas mais calmas que conheço.) Desliga o telefone e fica-me calado. Dou-lhe uns segundos e como ele não abria a boca, pergunto-lhe o que se passa.
"Era do hospital, perguntaram se eu era familiar de x. É para ir buscar a roupa dele. Se quisermos saber alguma coisa temos de ir falar com o médico."
Bem, o x é o meu avô. Não sei onde fui buscar a calma. Agarro no telefone, ligo para a minha irmã. Tinham acabado de ligar para ela também. Só que quem ligou para ela não foi a mesma pessoa que ligou para o meu marido. E essa pessoa parecia ter mais juízo ao falar, pois se disse para ir alguém buscar a roupa do meu avô, também disse que ele ía ser operado de imediato.
Pomos a família em acção e ao fim de alguns minutos ficamos a saber tudo.
Apesar de alguma gravidade quando soubemos a razão para a cirurgia, só nos deu vontade de esganar quem nos telefonou.
Compreendemos que quem comunica com os familiares de um paciente, deve filtrar a informação. Mas deve primeiro que tudo saber filtrar a informação. O meu avô apesar de necessitar de uma cirurgia, estava bem e consciente e quem ligou sabia-o. Não havia necessidade daquele tipo de telefonema. Não havia necessidade de angustiar-nos daquela maneira. Pensei que fosse dar um peripaque ao meu marido e tudo porque filtraram demasiado!
Mas estas pessoas não têm formação??
E é ridículo como um Hospital pode perder um paciente dentro do seu sistema!! Mas isso dá outra história...  

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