quarta-feira, 14 de maio de 2014

Solidão na velhice só porque se é teimoso e inconsciente

Deus, quantas vezes me pergunto porque me diz ela consecutivamente que está só, que se sente só, que está triste e infeliz, se depois demonstra sem qualquer pudor que prefere a companhia de outros? Ela quer-nos só para fazer companhia enquanto os outros não chegam. Os que inventam trabalho para não irem ter com ela demasiado cedo e ela mesmo sabendo disso, arranja sempre desculpas. Coitadinhos que trabalham tanto, coitadinhos que fazem mais que tanto. Coitadinhos que são perfeitos!  Pelo Amor de Deus, tenham piedade de mim!
Mas tenho cara de burra ou quê? Tenho cara de masoquista, é?
Ofereci-me para deixar a minha casa e ir viver com ela. Cada uma na sua casa que privacidade é coisa que se respeita e gosta naquele lado. Nunca estaria sozinha. O marido olhou-me de esguelha e franziu o nariz. Não por mudar de casa mas por saber das preferências dela. Viver com uma pessoa que assume naturalmente, como o acto de respirar, que outros são os preferidos não é o ideal de convivência, pois não?
A nossa presença nunca é suficiente, tem de haver a outra em simultâneo mas depois queixa-se a toda a hora que não aparecemos.  E quando estamos juntas, critica, critica, critica. É verdade, não somos perfeitos. Tolice a minha.

Não gosto da solidão. Nunca soube o que é solidão. Ninguém tem de viver assim quando tem família mas o que é demais, é demais. Ela própria se condena à solidão.
Tenho amor próprio mas também tenho consciência e não quero que ela me pese neste aspecto. Não foi assim que me educaram, não foi isso que vi na casa dos meus pais e dos meus avós. A família sempre em primeiro lugar.

As horas hoje correm e eu só oiço na minha cabeça "Solidão, Solidão, Solidão". É martelada atrás de martelada e hoje tudo pesa. Sinto cada vez mais que falta algo. Que começa a faltar tudo.
Hoje é um mau dia.

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