domingo, 18 de janeiro de 2015

E chove, chove, chove

Há umas horas que chove sem parar.
O meu avô diz que é necessário que a água entranhe na terra uns quantos metros para servir de alguma coisa às árvores. Ontem repetiu-me isto várias vezes. Ele foi muito pormenorizado mas não vale a pena entrar aqui em detalhe.
Hoje, enquanto jantava, espetava o garfo nas cenourinhas bonitas mas que não sabiam a cenoura e dizia-me: - Estão tenrinhas mas nem as deixam fazer-se! Na minha altura, aquilo é que eram cenouras!
Agora é tudo muito diferente. Antigamente, certas coisas eram muito melhores. Só se devia mudar o que não presta. Mas o progresso e a globalização dá-nos a volta e enrola-nos como as ondas.

Hoje alguém dizia ao meu avô que deviam ir comer uns belos de uns caracóis com um copinho de vinho. Comentei que ainda faltavam uns meses para o tempo deles. Responderam-me que estes caracóis eram especiais. Senti-me um bocado a mais na conversa. Não era para mim. Era entre eles. Sorri e calei-me.
Já aprendi que existem os Grandes e depois existem os que estão à sombra dos grandes e que nem aos calcanhares lhes chegam. E tomara que se aceitem porque nem todos nasceram para ser Grandes.

Pois e chove, chove, chove. E continuo cheia de frio. Ontem quase que se me congelaram os olhos.
Agora, chove. E eu só penso no calor de que se queixa a minha amiga do outro lado do Atlântico.
Calor bom que aquece a alma.

Agora, chove. E se continuar assim, vai entrar os tais metros terra adentro de que fala o meu avô para que as árvores se façam.
E depois a água sobe e pode ser que lave a porcaria toda. Tudo o que não presta. Isto digo eu que tenho uma vida muito engraçada. Que conheço gente muito boa mas também conheço gente que parece boa mas é a maior bosta que pode haver. Postos na terra para adubar, matariam tudo o que lá fosse plantado.

Agora, chove e eu acabei de lavar um pouco a alma.
Com o caraças! Falta muito para o Verão?



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