domingo, 13 de outubro de 2013

Aos cinco anos passa-me um atestado de burrice

Ontem levei para a casa da minha mãe mais uma máquina de costura.
Caixa em cima da mesa, o sobrinho mais que curioso em ver o que saía dali.
Uma coisa ele sabia. Serve para fazer vestidos. Isto porque me ouviu dizer a uma amiguinha dele que lhe ía fazer um vestido para uma boneca.
Pôs-se ao meu lado e não descolou. Aproveitei-me daquela atenção e fiz render o peixe.
As máquinas de costura não têm ciência nenhuma para mim mas por causa dele, abri o livro de instruções e ia dizendo em voz alta tudo o que ia fazendo. E ele sempre com questões.
- Para que serve isto? Para que serve aquilo? Onde vais pôr isto? E aquilo? E aqui, já leste o que diz aqui?
E eu: - Calma, vamos devagar...
E ele de pedra e cal ali ao lado, a ajudar-me a pôr e tirar acessórios. A encher carretos.
- Não podes pôr aqui as mãos. Fazes assim. Fazes assado.
Comecei a brincar com a máquina de costura da minha mãe quando tinha a idade dele e por isso respeitei o interesse. O pai é que ficou um bocado amarelo!
- Fazes-me um vestido para o Caquinhas?
Olhei para a minha irmã e foi uma risada. A amiga dele não podia ser a única a ter um presente! Ai, os ciumes!
- Um vestido para o Caquinhas?
O Caquinhas é um urso polar branco que dorme com ele desde bebé.
- Faço, pois! Uma camisa de dormir. Pode ser?
- Pode!
Começo a experimentar os pontos e aquilo começou a ser chato para ele. Acho que queria ver sair dali um vestido com a rapidez com que ele nos tira um café da máquina.
Às tantas, vira-se e diz:
- Oh, tia! Tu não percebes nada disso!

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