quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Do Natal VII

Com o que pensávamos ser a menopausa da minha mãe, veio o melhor dos presentes. Um mano. Um docinho para tempos conturbados, muito conturbados para a minha família! E com este biscoito, o Natal ganhou ainda mais brilho.
Acho que nos aplicámos ainda mais em manter a magia do Natal.
As pernadas de pinheiro foram substituídas por um pinheiro artificial mas tão bonito e enorme, que até hoje não encontramos substituto à altura! Renovámos a decoração da árvore. O presépio é feito dentro da lareira. Ainda mais bonito que os anteriores.
Ele tinha quatro anos quando casei. Felizmente os costumes natalícios na família do meu marido eram idênticos aos nossos. E com a entrada de mais membros na família, veio um Pai Natal de carne e osso.
Esse Pai Natal, aparecia depois das portas da sala fechadas e quando todos estavam de saída. 
Era deixado para ele, um copo de leite, outro de whisky e bolachas. Inexplicavelmente, ele aparecia e fazia algum barulho. O suficiente para mostrar que havia alguém num sítio onde não deveria estar ninguém. Íamos todos espreitar pelas portas. Na semi-obscuridade da sala, apenas iluminada pela árvore de Natal, o Pai Natal passeava e comia. Pobre coitado, que no primeiro ano bebeu metade do copo de leite! (Depois de um jantar regado com bom vinho, ter bebido leite, não caiu muito bem!)
Quando o viu, por uma ligeira abertura da porta, o mano estremeceu violentamente e gritou de emoção.  Os olhos completamente esbugalhados! Calou-se rapidamente para não assustar o homenzinho de barbas.
No ano seguinte, o Pai Natal chamou-o, sentou-o no colo e conversaram um pouquinho.
No infantário, alguns meninos disseram-lhe o que só esperávamos que acontecesse na primária. Defendeu a existência do Pai Natal com unhas e dentes.
Os da televisão, os dos centros comerciais eram falsos, apenas o dele é que era verdadeiro.
Teria uns 9 anos quando decidimos que o Pai Natal já não iria aparecer. Foi preparado. A partir de uma certa idade quem põe os presentes é a família. Inevitavelmente quando chegou o momento da “conversa”, ele não reagiu tão bem como nós. Vimos a tristeza e a decepção no seu olhar. Apesar disso, ele continuou a viver o Natal com a mesma intensidade, talvez um pouquinho mais caprichoso!
Apesar de hoje ser um adolescente quase adulto, a árvore só pode desmanchada depois dos anos dele, quase a meio de Janeiro!

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