sábado, 12 de janeiro de 2013

A serra algarvia numa noite de tempestade

E por falar em conduzir na lama lembrei-me de um episódio.
Tinha um grupo que de tempos a tempos marcava jantares nos lugares mais inóspitos.
Um dia, escolheram um pequeno restaurante, perdido nas profundezas da serra algarvia e que só abria quando reservado. Um dos rapazes era frequentador do espaço. E foi ele que nos indicou o caminho.
Distribuímos o pessoal, reduzindo ao máximo o número de carros. Sabíamos que o caminho era de terra e muito estreito. Quem tinha menos experiência deixava o carro. O que o meu amigo não disse é que nunca lá tinha ido de noite e muito menos a chover torrencialmente.
Saímos da estrada asfaltada e durante alguns minutos andamos em terra batida e não houve qualquer problema.
O caminho começou a estreitar e a lama era tanta que derrapávamos por todo o lado. Chegou a um ponto que de um lado tinha uma barreira de serra e do outro lado uma ribanceira enorme, sem qualquer tipo de protecção. 
Escuro como breu, a chuva caía com tanta intensidade que não víamos um palmo à frente do nariz e o pessoal começou a entrar em pânico.
O meu carro era de tracção traseira. Apercebo-me que o carro que seguia à minha frente começa a hesitar e a travar demasiado. Se ele estava com dificuldades, então eu nem digo nada! A traseira dançava-me sempre que oscilava a velocidade. E a ribanceira logo ali ao lado. Tinha de manter uma velocidade constante e comecei a dar espaço. Se precisasse de travar bruscamente por causa dele, a coisa podia acabar mal. E os carros que vinham atrás, estavam demasiado próximo.
A determinada altura, o da frente liga os quatro piscas e eu disse: "Agora é que estamos lixados! Vamos ficar aqui até de manhã. Nem para a frente, nem para trás!"
Consegui parar em segurança e o amigo que conhecia o caminho sai do carro guia e corre para o meu. Veio dizer-me que o condutor não conseguia ir à frente. Um pouco mais à frente o caminho alargava o suficiente para poderem cruzar dois carros. O outro encostaria e eu passava para a frente. 
Aleluia, mil vezes ir à frente! Acabaram-se-me os receios. Mantive uma velocidade constante, o carro derrapava mas sem perigo de irmos ribanceira abaixo e só usei o travão para parar no restaurante.
Saímos do carro e esperamos pelos outros. O pessoal do restaurante nunca pensou que se conseguisse fazer aquele troço. Ligaram-nos para avisar do estado do piso mas não foram a tempo. Não havia rede.
Quando o resto do pessoal chegou, foi o extravasar. Havia quem tremesse quem nem varas, outros estavam verdes, outros correram para a casa de banho.
Foi precisa uma hora, sentados à volta da lareira para acalmar os nervos da maioria! E só regressamos quando parou de chover. 
Foi uma dor de cabeça mas a adrenalina... Uauuu!
Olhando para trás, tanta coisa podia ter corrido mal.

2 comentários:

remall disse...

mas as aventuras da lama, depois de passadas, são histórias para se contar, e juramos que nunca mais iremos entrar em uma estrada de chão em dias de chuva ou sem carro com tração 4x4, todas essas promessas são válidas até o convite para a próxima aventura... eu que o diga.
por aqui época de chuva e lá vou eu feliz da vida para a Querência , ou melhor , lá vou eu deslizar pelas lamas

Soneca disse...

Olá R.! Quem bom ver você por aqui!
Também adoro lama! É pura adrenalina!
:)